O caminho da paz é campestre
Vanda Ferreira
Garças brancas revoam silêncio azul.
Enormes dentes jacarezenses tomam vento;
Rimados versos da natureza fervilham na fingidez fluvial;
Árvores entoam úmidas canções,
aves trinam em alegria sustenida
para perpetuar praia-de-bichos,
passeio de murmurinhos,
espetacular balé da mata.
Rastejam poemas,
seivadas serpentes,
- encorpadas enxurradas tingidas de por-de-sol -
Tatuagens na liberdade nua da terra
mapeaiam dançante capinzal de pés de luxo.
Ecos matutos, ecologicamente corretos,
Protegem segredos do seco-mar encharcado de poder.
Roncos de bugios rasgam os perigos noturnos
das aloiradas madrugadas pantaneiras,
esconderijo do útero da terra.
Lambeção milagrosa refaz sucumbida morte,
valente desejo de semente processa desfolhamento
para nutrir embriões fecundados ao som de poéticos uivos Guarás.
Sábia natureza
Redondamente enquadra
inverno, primavera, verão e outono,
Aliança nuvens carregadas de mensagens.
Vida beijada por beija-flores,
perfuma versos,
tinge de verde-esperança,
rima coração e canção,
passarinho e ninho;
alegria, cantoria, folia, formação de família.
Celestialidade poesia, seja noite, seja dia.
Luas hipnóticas, cheias de mistérios,
Corujas, grilos, cigarras,
anfíbios com chocalhos na garganta,
cantata para a entrada, não solitária, da noite,
onde o entardecer rumina roteiro,
Processa comunicação,
esturros dos cílios da mata.
Cisma grafia de onça, pinta Jaguatirica
Caminho matuto, Tatu, Tamanduá,
inescrupulosidade brejeira na estação de Sucuris,
tuiuiús, bagres e olhos d’água.
Lenta mastigação de sabores,
fartura de suculências,
delícias na digestão campestre.
Verdejante felicidade borboleteia
no profundo estômago da menina dos olhos do mato.