quinta-feira, 16 de junho de 2011

Posfácio do livro PASSAGENS - História de vida

POSFÁCIO
Passagem da poesia por uma história de vida

A primeira sensação ao receber uma mensagem eletrônica da escritora Vanda Ferreira encimada pela expressão URGENTE foi de uma pontiaguda cutilada na alma: um convite para este prólogo. À apreensão de primeiro momento seguiu-se relativo alívio ao me aperceber que de nada exasperador se tratava, apesar de o livro já se encontrar praticamente pronto, inclusive com o número de registro no ISBN, segundo informou-me, ato contínuo, a autora ao telefone.
O convite para o prólogo de “PASSAGENS - História de Vida” aflorou-me a vaidade. Afinal este fora o primeiro do gênero com gênese extra-fronteiras desta central unidade da Federação Brasílica.
O desafio ganhou dimensões estratosféricas ao adentrar-me nas entranhas de Passagens-História de Vida. Por essa “Passagem” de Vanda ninguém de sensibilidade bastante passa impune e nem sai ileso. Sai impregnado de poesia, da boa poesia brasileira apreendida e transformada em expressivo poema (ainda que em forma de prosa) pela maestria da bugresia dessa campo-grandense que me honra como confreira na Associação Internacional de Poetas del Mundo e na ALB-Academia de Letras do Brasil.
Ao concentrar-me na leitura de passagem vi-me como se a voar estivesse com Antoine de Saint Exupéry nas páginas de O Pequeno Príncipe que, sem nenhum favor, trata-se de um dos maiores e melhores poemas que já pude degustar.
A analogia entre a construção poética de um e de outro nos remete ao rompimento da idéia de que poesia tenha que ser escrita, necessariamente, em forma de versos. Até porque poesia é mais que um amontado de versos sobrepostos. Poesia é a matéria prima do poema que, com propriedade bastante, pode apresentar-se aos olhos do leitor em forma de versos como também de prosa.
Vale ressaltar que há versos poéticos de elevada representatividade imagética e figurativa, e versos com presunção poética, mas sem nenhuma poesia, meros amontoados de versos prosaicos os quais nem de boa prosa, mais das vezes, se reveste.
Por outro lado, a exemplo de Passagens, a fortuna poética salta aos olhos de um leitor que, se desavisado, se surpreende com a generosidade de poesia encontrada, uma prosa gostosa de ler e com estímulo a se recomendar a quantos apreciem a arte literária.
Passagens é assim: um verdadeiro poema com que Vanda Bugra (codinome com que ela mesma se apresenta) se reporta, ela própria, na simbiose de imaginário e realidade. Passagens leva e eleva o leitor à autêntica poesia, consubstancioso poema, poema em prosa que representa mais que as letras de um Estado da região central do Brasil (Mato Grosso do Sul), mas sim mais uma expressiva página da literatura brasileira.
Como disse Delasnieve Daspet, uma das líderes maiores da atual literatura brasileira: “Vanda escreveu versos para serem lidos com a alma e não com olhos mudos. Chorou cada palavra, cantou cada verso, pariu cada momento de sua memória, perdoou as loucuras, sofreu as maledicências, ninou a sua história. A ela foi dada a chave do enigma, e, com maestria nos presenteia com estas reminiscências do imaginário de sua bisavó”.
Ao leitor, portanto, recomendo PASSAGENS - História de Vida, de Vanda Ferreira, poeta brasileira de Campo Grande, da cidade morena de Mato Grosso do Sul, capital brasileira da Associação Internacional de Poetas del Mundo. Parabéns, Vanda, pelo presente que dá a seu Estado e a seu País. Parabéns, leitor, pela obra que, vai enriquecer também seu imaginário, aguçar suas lembranças, reviver a poesia de seu ontem nas páginas de PASSAGENS - História de Vida.
Salve 12 de junho de 2011, em Cassu, Goiás, Dia dos Namorados, dia em que celebro mais uma página de meu namoro com a literatura, pelas páginas poéticas de Vanda Ferreira.
José Faria Nunes - Jornalista
Cônsul em Goiás dos Poetas del Mundo, Secretário Executivo da Associação Internacional de Poetas del Mundo, Presidente Executivo e Fundador da Academia de letras do Brasil em Goiás.

CONVITE lançamento da obra PASSAGENS - história de vida

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Prefácio do livro "PASSAGENS"

Prefácio
Por Delasnieve Daspet*

“Em cada recomeço arrastamos a bagagem
recheada de diversidades sentimentais...”


Vanda fez uma poesia em 21 capítulos.
Abandonou o regime da mesmice métrica e enriqueceu seu trabalho com infinitos recursos de harmonia. O seu livro Passagens é melódico. Uma verdadeira pintura e verdadeira música em forma de prosa.
Inteligente livro de memórias, de saudades, de reconstrução de uma vida, sem passar pela mesmice que as biografias contam.
Ela viaja pelo imaginário de uma antepassada sua, e reconstrói momentos de lirismo surpreendente e apaixonante. A história de uma vida, de seus revezes, de seus amores, dos seus sonhos, dos ganhos e de suas perdas.


“Ao oeste imperava o sol como se fosse
uma lua vermelha, redonda, cheia de acesos segredos querendo jorrar”.



Historias passadas contadas no presente. A linguagem é coloquial. Interior. Verdades que não foram ditas em momento oportuno e que agora chegam, de braços abertos, contadas ao vento, que a reproduz.
Segredos de uma vida, de sentimentos, de alcova trepidam, destruindo as metáforas construídas. Não existe verdade absoluta.



“A vida passava por mim.
Eu simplesmente seguia os ritmos dos passos do tempo
processado por noites e dias”.



Vanda escreveu versos para serem lidos com a alma e não com olhos mudos. Chorou cada palavra, cantou cada verso, pariu cada momento de sua memória, perdoou as loucuras, sofreu as maledicências, ninou a sua história. A ela foi dada a chave do enigma, e, com maestria nos presenteia com estas reminiscências do imaginário de sua bisavó.
Lírica do primeiro verso ao final do 21º Capítulo, Vanda criou frases que são completas poesias. É doce, violenta, temerária, audaz... nos faz sorrir e chorar. Esqueceu-se a Autora dos paus e das pedras do caminho e construiu com vagar, tijolo a tijolo.
Tudo o mais não existe, a não ser, o fogo das lembranças da personagem da Autora, que suou, sofreu, trabalhando ao lado dos seus homens, de sua família. Não ficou em casa, estendida, qual uma sinhá. Participou ativamente de todos os momentos de sua vida. Não foi coadjuvante.
Não se envergonhou nem se arrependeu dos momentos vividos, de possíveis erros cometidos, e, em suas recordações vemos que ela fez o melhor no seu tempo, confessou suas culpas e reconheceu os excessos cometidos. Mais justa com a vida impossível.
Os sons que a saudade lhe deixou foram as lágrimas que verteu na solidão.


“ Centelhas ganharam altura, como se
fossem mariposas de prata com asas de ouro...”


Este foi um livro imaginado. Passou dias e horas dentro da Autora até que chegasse o dia em ser exposto. Ela discorreu sobre algo que não viveu, pegou o real do que lhe contaram e juntou ao imaginário que pensou resultando nesta tradução livre de sentimentos.
Mostrou o grande amor que a sua personagem sentiu pela vida e pelos amores de sua vida, maridos e filhos. Mostrou o amor que esta personagem sentiu por fora. Foi assim.

“Dos invernos vividos concluo que a noite passa, termina, mas o que se vive
em uma noite pode perdurar pelo amanhecer e pelo resto da vida”.

Estas são memórias guardadas, intermitentes, vem e vão, porque na vida tudo é assim...
É isso que nos permite suportar os longos dias de ausências e tristezas, e, ao evoca-las, algumas se toldam e viram pó, nisso é magistral o Passagens de Vanda Ferreira porque ela fotografa os detalhes e nos oferece uma obra com detalhes perfeitos da época. Ela viveu a vida de sua bisavó, a protagonista do livro.
E o livro permanecerá, envelhecido pelo tempo e atual pelas lembranças, como as folhas que caem no outono e que renascem na primavera, independentemente do que acontecerá.

“ Senti-me serena. Rezei à
alma de José e de Antonio. Agradeci a Deus pelas asas de ouro que promoveram
vôos seguros aos meus filhos ...”


A memória tem presença física. Houve uma época em que as histórias da protagonista e demais personagens foram uma só e as suas lembranças são estrelas no céu noturno... as árvores reiniciam suas mutações, o ar esta perfumado pelo aroma da terra, e a vida invade o dia.

A lembrança é uma coisa maravilhosa ainda que se tenha de enfrentar o passado, e, nisso PASSAGENS tem o seu desenrolar de forma brilhante.

Da vida nada se leva... Mas, Vanda Ferreira deixa escrito nas páginas de seu livro que perdemos um dia entre vários outros, de outras histórias, com outras lembranças, de outras pessoas, de outras mentes.
Campo Grande-MS, junho de 2011.

*Delasnieve Daspet
É advogada, Poeta, Ativista das Causas da Paz, dos Direitos Humanos, Ambientais e Sociais.
daspet@uol.com.br